ATENÇÃO MULHERES! Percebam os sinais do círculo vicioso de um relacionamento abusivo.
Por
Fhran Miranda
Jornalista/Radialista
NOVO IG Segue lá: @fhranmirandashow
Introdução
Comumente muitos usam de achismos, se omitem ou criticam quando o assunto é agressão à mulher. Até as próprias mulheres se voltam contra as agredidas. Dizem que a culpa é da mulher por ‘N’ motivos, por não saber agradar ao homem ou aborrecê-lo. Somente se darão conta quando sentirem na própria pele, algum tipo de agressão.
Viver numa relação violenta vai muito além de sofrer maus tratos fisicamente. Palavras vexatórias em público, diminuição do valor, xingamentos abruptos, inverdades e acusações infames, pressão e chantagem emocional, perseguição vigilante sob ameaça, podem deixar sequelas gravíssimas durante anos e ferir a autoestima de uma mulher. A isso chamamos de: VIOLÊNCIA ou TORTURA PSICOLÓGICA. Subjetiva e que acomete sorrateiramente centenas, milhares de mulheres. Por ser mais difícil de identificar até mesmo para a vítima, ela vem mascarada pelo controle abusivo, humilhações, ironias, ofensas e chantagens.
Segundo o Instituto de Pesquisa Datafolha, os dados de agressão à mulher, são alarmantes em todo o Brasil. A última pesquisa de 2016, mostrou que o agressor em sua maioria, é um conhecido em 61% dos casos. Em 19% das vezes, eram companheiros atuais das vítimas e em 16% eram ex-companheiros. As agressões mais graves, ainda segundo a pesquisa, ocorreram dentro da casa das vítimas (43% dos casos).
O bipolar agressivo faz com que a vítima acredite que o problema está nela. Que é a mulher que sempre provoca as brigas; é ela que está estragando a relação; a culpa se o relacionamento acabar será toda da companheira; que esta é um lixo de mulher; não serve para ser mulher dele e que irá procurar outra parceira. Entre inúmeras acusações, ameaças e pressão psicológica. E a mulher com medo do cônjuge terminar a relação ( namoro, noivado, casamento), admite uma culpa que não é dela, mas toda do agressor, e continua sofrendo nesse relacionamento doentio.
O Círculo Vicioso
Eliane Mastrodomenico, de 23 anos, decidiu contar em sua página do Facebook, o relacionamento abusivo que viveu durante quase um ano. "O agressor te olha nos olhos e te convence de que quer te dar tanto amor, que você seria burra se fosse embora. Está arrependido, e a culpa da coisa acabar não vai ser dele porque te machucou, vai ser sua porque não foi capaz de perdoar e tentar de novo. Não importa quantas vezes isso se repita", relata a jovem.
Faço jus ao testemunho da jovem Elaine em gênero, número e grau. E, é com esta mesma coragem, que declaro neste artigo, ter sofrido também agressão e terrorismo doméstico (porque não dizer dessa forma). A violência psicológica é a forma mais abstrata de agressão contra a mulher. Fui torturada pelo ex-noivo, humilhada, pressionada em fazer exatamente tudo que ele queria, agredida física e psicologicamente por quase dois anos. Toda a descrição de violência aqui exposta, vivi na própria pele e sofro até hoje. Cansei de permanecer em silêncio, sofrendo calada, trancada num quarto escuro, sofrendo de depressão, enquanto o agressor psicopata continua procurando novas vítimas. Seja na internet (anexo “prints” do perfil) ou em outros lugares. Como disse na entrevista para a TV Justiça, preciso me ajudar. Por isso decidi buscar coragem (sabe-se Deus de onde) e externar essas agressões e sofrimento. Seja no intuito de uma autoajuda, como também, ajudar a muitas mulheres que enfrentam diariamente as mesmas, e/ou piores agressões de seus “parceiros”, a terem coragem e denunciar o agressor.
E, se é para falar de agressão, a primeira da fila a declarar que sofreu
torturas e agressões psicológicas e físicas, prezado (a) leitor (a), é a
jornalista escritora aqui. Eu sim fui vítima de um relacionamento abusivo. Eu
sim fui usada como tapete e pisoteada na alma, por um psicopata arrogante, para
satisfazer seu bel prazer. Eu sim fui violentada sob ameaças de terminar um
noivado com tudo já pago (igreja, festa, vestido de noiva, passagens e
hospedagem de lua de mel, etc.), para ter que fazer todas as vontades doentias
do agressor. Eu sim tive mais que um dedo apontado na cara. Eu sim tive gritos
abruptos, tive apertos, tapas, empurrões, que me causavam hematomas. Eu sim
tive minhas roupas, pertences jogados escadaria abaixo. Eu sim tive o meu sonho
de casar, de ter filhos, e minha autoestima, triturados e jogados no lixo. Eu
sim sofri sozinha e calada, sem contar nem para os parentes, os maus-tratos de
um agressor psicopata. Eu sim fui agredida por um agressor enfurecido, e que
descontava sua impotência sexual, seu transtornos bipolares, seus problemas de
fobia social, suas rejeições com as mulheres, para se sentir superior e
descontar todo o seu passado fracassado em mim. Um grosseiro, compulsivo por
insultos e mentiras. Eu sim fui diminuída enquanto mulher por um covarde, que
feriu não só meu corpo e mente, mas a minha alma. E até hoje infelizmente
carrego as marcas desse relacionamento abusivo e tóxico que vivo com esse
agressor psicopata. Estou acometida de depressão profunda, insônia crônica, ansiedade,
síndrome do pânico, entre outros tormentos psicológicos. E esse destruidor da
saúde alheia está à solta, fazendo novas vítimas.
O início do relacionamento abusivo
Em maio de 2015 conheci o Lucas pela internet (site de relacionamento: Par Perfeito). Nos apaixonamos, namoramos, ele me pediu em casamento. Ficamos noivos e passei a morar com ele, em seu apartamento, nos fins de semana. Íamos casar no dia 12 de junho de 2016 (dia dos namorados), num primeiro momento, mas concordei que ficaria melhor 1° de outubro. Já que meu aniversário é dia 02 . Faríamos uma festa só, destes dois momentos. Faltavam três meses para nos casarmos e ele adiou mais uma vez contra minha vontade. Me entristecendo profundamente, pois seria um marco especial em minha vida. O aniversário, sendo a única data que sinto a necessidade de celebrar e agradecer a Deus por mais um ano, e a celebração do sacramento do sonhado matrimônio. E olha o que o noivo faz?! Mal sabia eu que era o início de um verdadeiro tsunami. Era assim ou ele terminava. Começou então a jogar sujo e fazer chantagens. E terminou por diversas vezes o noivado (anexei alguns “prints” destes episódios). Mas ele ou eu voltávamos atrás. Ele dizendo que não iria desistir de mim, que eu era a noiva que Deus tinha dado a ele. E eu dirigindo a mais de 120 km/h ao seu encontro e implorando para não fazer isso. Às vezes se escondia e mandava os pais ou os porteiros mentirem dizendo que não estava. Porém, começou a fazer terrorismo psicológico o tempo inteiro, “se não fizer do meu jeito, eu não irei casar com você, procure outro noivo”, dizia constantemente. Eu passei a ter medo dele e o obedecia em quase tudo sem titubear. Foi a partir daí que tudo desandou. As brigas começaram a ser frequentes por conta dos preparativos do casamento. Principalmente do dinheiro dele sendo gasto, achando tudo muito caro. Mostrou ser um verdadeiro avarento e mesquinho.
No início Lucas não se importava d’eu ir à frente com os preparativos do casório. Já que é de praxe a noiva se dedicar mais. Depois começou a interferir em tudo, causando discórdia e consequentemente entrávamos em conflito. Reclamava do local da festa, igreja, decoração, buffet, convites, ao sabor do bolo, etc. Nada estava bom. E sempre colocava a culpa em mim, dizendo que eu causava as brigas. Era de praxe. Eu escolhia um item para o nosso casamento, e ele quebrava o apartamento abaixo, sapateando e fazendo birra como uma criança mimada, querendo as coisas da nossa festa do jeito dele. E seu plano acabava sempre dando certo. Passei a ser submissa para ele não desistir de casar.
Outro ponto negativo desse noivado, foi quando percebi que sua mãe maquinava contra o nosso casamento. Chegou a dizer na minha frente, um dia após o noivado, que era muito cedo para casarmos, que tínhamos que nos conhecer mais. Lucas se deixava facilmente ser manipulado e controlado por ela. Em vários momentos dizia aos gritos: “Entre você e a minha mãe, eu prefiro minha mãe”. Por eu querer ficar à sós com ele nos fins de semana, brigava comigo com frequência, para eu não ir para lá. E quando eu ia, me deixava sozinha trancada em seu apartamento e ia lavar as louças para o pai, assistir lutas e futebol pela televisão com ele, levar a mãe à igreja, comer da comida dela, afinal era mais saborosa que a minha (como dizia). Enquanto eu sozinha, chorava já sentindo os efeitos desse relacionamento abusivo. Quando enfim ele retornava, fingia que estava tudo bem. Ai de mim se esboçasse olhar de tristeza ou chateação. Me mandava embora para a casa da minha mãe como de costume.
Agressões, torturas e surtos psicóticos
Lucas me humilhava e começou a me agredir de todas as formas. Por diversas vezes empurrava-me com toda sua força (130 kilos e 1,93 de altura), para não entrar em seu apartamento. Me apertava e dava sacudidelas, que eu ficava com hematomas constantemente. Proibia os porteiros do prédio do seu trabalho e do condomínio onde mora, para eu não entrar. Mesmo eles sabendo que eu era sua noiva. Agredia-me com xingamentos (puta, vagabunda, lixo de mulher, [...] tenho gravações em áudio e vídeo), quando sozinhos e na frente dos seus pais e parentes. Gritava comigo enquanto eu, ou ele dirigia, ao ponto de desgovernar o carro e quase causar uma colisão.
Umas das piores loucuras do agressor do ex-noivo aconteceu na rádio que trabalhava. Ele sempre ia me encontrar depois que terminava seu expediente. Nossos trabalhos eram próximos lá na Asa Sul (Plano Piloto Brasília-DF). Depois de fechar mais um contrato, como o seu consentimento, foi ameaçar que não queria mais se casar comigo e tentou freneticamente arrancar a aliança do meu dedo. Entramos em uma espécie de luta corporal. Ele na tentativa violenta de arrancar a aliança e eu me desvencilhando da força dos seus braços. Saía machucada dos seus apertos, empurrões e arranhões. Pouco tempo depois fui demitida desta rádio. Fez isso também em público, na casa da minha mãe, em seu apartamento, dentro do carro, [...]. Me agredia fisicamente com tapas, socos e sacudidelas. Como tenho a pele muito branca, ficava cheia de hematomas e lesões protusas. Quando alguém percebia as marcas das agressões, dizia que era na massagem modeladora.
Em público apontava o dedo na minha cara para todos verem e me ameaçava. Ele tinha o hábito de sair correndo dos lugares que estávamos juntos (shoppings, exposições, igrejas, na casa da minha mãe, na rádio que trabalhava, etc.), após surtar com alguma coisa e me deixava sozinha. Quando ia comigo, era na má vontade, sem segurar ao menos minha mão. Em seu apartamento, não podia sequer colocar um quadro com nossas fotos na parede, porque iria danificar a pintura. Eu na tentativa de decorar o apartamento, comprava jarros de flores, porta-retratos, tapetes. Além de louças, talheres, panelas, cama, mesa e banho, utensílios de um modo geral (pois não tinha quase nada), e quando ele surtava, trazia tudo de volta para a casa da minha mãe. Chegou ao ponto de me expulsar por diversas vezes, dizendo que o apartamento era somente dele, que não precisava das minhas “tralhas” e jogava minhas roupas e pertences escadaria abaixo.
Mas eu sempre o perdoava de seus surtos psicóticos. O desejo de casar e ter meus filhos era maior, do que o comportamento nervoso e agressivo do Lucas. Porém, o fato dele querer adiar o casamento pela terceira vez, chegou ao ponto d'eu não aguentar mais. Finalmente tinha entendido que estava me manipulando esse tempo todo. Nosso casamento estava praticamente todo pago (quase R$ 70 mil reais), e marcado para o dia 1° de outubro de 2016.
Término do noivado e o desespero
Lucas terminou nosso noivado dia 17 de outubro ao telefone. Simplesmente por eu querer saber a nova data do casamento e reagendar a data na igreja (para não perder a vaga). Também perguntei se estava sendo controlado pela sua mãe. Bastou para se sentir ofendidinho. Nós já tínhamos conversado antes e chegado num consenso para o dia 18 de março de 2017. Mas ele abruptamente disse que eu não iria obrigá-lo a casar. No outro dia levou em caixas de papelão, todas as minhas e as coisas que tinha dado a ele. Eu estava medicada e dormia profundamente. Não escutei nada dele descarregando meus pertences ou fofocando com minha mãe. Se fazendo de vítima e colocando a culpa toda em mim pelo término. Era mestre em fazer isso. Quando enfim acordei, vi minhas coisas na sala e a minha mãe disse que ele tinha terminado comigo, por eu não saber respeitá-lo. Ele precisava de um álibi. Afinal de contas, sempre tinha razão. Eu nada fiz. Já estava deprimida há meses com tanta manipulação e chantagens desse relacionamento abusivo. No outro dia, Lucas me enviou uma mensagem no WhatsApp e e-mail, que dizia: “Eu ainda te amo muito”. Eu não respondi de imediato.
O agressor me escravizava em todas suas vontades e eu acabava fazendo tudo para ele, para não desagradá-lo. Já tinha perdido a minha identidade, a minha alegria (jeito moleca de ser), como algumas pessoas próximas a mim, perceberam e vieram me contar. Estava vivendo por e para ele. Em função dele não acabar com meu sonho. Na época eu não tinha percepção dessa dominação. Fazia terrorismo psicológico, ameaçava o tempo inteiro terminar nosso noivado. As agressões psicológicas eram quase que diárias. Seja por e-mail, ligações, whatsapp e principalmente pessoalmente. Anexei a este artigo alguns registros dessas torturas e ameaças.
Sofri muito quando ele terminou nosso noivado. Então, comecei a sentir sua falta. Resolvi enviar alguns e-mails românticos em resposta ao seu e pedi para voltarmos. Mas ele nunca respondia. Ligava e nada. Cheguei ao limite do meu desespero e resolvi ir atrás dele no trabalho. Fiquei no estacionamento, esperando-o descer do prédio, já que me proibiu de subir informando ao porteiro (aliás, nunca entrei em seu ambiente de trabalho, pois nunca deixou). Me recebeu super nervoso, como de costume. Perguntou-me o porquê d’eu ir atrás dele em seu trabalho. Eu me aproximava querendo segurar ao menos em seu braço com carinho, e ele com gestos agressivos, se soltava dizendo para eu não tocá-lo. Dizia que queria conversar, que a gente ainda se amava muito, como ele mesmo tinha esboçado ao e-mail e whatsapp. Segurei-o pela cintura chorando e pedia para relevar, me colocando como culpada, mas nada do que eu dissesse mudaria sua decisão. Então ele segurou meu rosto com força e disse não tinha mais volta, que não me amava mais e literalmente saiu correndo de mim. Estava de saia longa e a prendi num carro. Caí e machuquei o joelho. Gritei seu nome para me socorrer, ele olhou e continuou correndo. Mesmo machucada, fui atrás dele até não conseguir mais alcançá-lo. Ele correu da INFRAERO até o metrô da Galeria (no SCS). Esta foi uma das piores vergonhas que eu passei em público. Quando voltei ao meu carro chorando, muitas pessoas que viram a cena, vieram falar comigo. Perguntavam se eu estava bem, que não valia a pena correr atrás dele, enfim, pessoas que nunca tinha visto antes, me acudiram naquele momento. Ainda fiquei esperando por sua volta. Mas ele deu um jeito de entrar por outra portaria, como me informou um colega da mesma empresa. Esse rapaz não conhecia o Lucas, mas notou minha apatia e se solidarizou comigo. Fiquei ali recebendo seus conselhos, e tentava aliviar o meu constrangimento e minha dor. Fui embora estarrecida. Não acreditando em mais uma loucura do Lucas. Foi a última vez que o vi. Quando fecho os olhos, ainda vejo-o correndo de mim. Aliás, tenho pesadelos dessa cena até hoje.
Problemático, rejeitado e mimado
Desde os primeiros dias soube que o Lucas era problemático. Havia me dito que sempre fora rejeitado pelas mulheres, que passaram em sua vida. Não consegue manter um relacionamento por muito tempo. Tem a auto-estima super baixa e não se acha bonito ou atraente. Por mais que eu achasse e dissesse o contrário a ele, numa espécie de mantra. Sua timidez impede de olhar nos olhos das pessoas. Fala desviando seu olhar para alguma outra parte do rosto, mas não consegue encarar mais que alguns segundos, uma pessoa nos olhos. Ajudei-o muito nisso.O trauma que carrega é tão grande, que detesta ser fotografado ou filmado. Enfrentei com ele várias crises de pânico e irritação, quando em algum show ou evento, tinha alguma de equipe registrando. Chegava a se esconder e xingar o pessoal. E quando eu mesma tirava, fazia eu apagar a foto, dizendo que ficou feio. Tamanho complexo de inferioridade.
Mimado pela mãe, sendo o único filho homem e o mais velho (tem uma irmã casada), fazia e faz até hoje, tudo para ele. Lava, passa, cozinha, faz compras, e por isso nunca soube fazer nada sozinho. Nem fritar um ovo consegue. Dorme na casa dos pais, mesmo tendo apartamento próprio. Nunca cortou o cordão umbilical do alto de seus 41 anos de idade. Nem sendo noivo, quiçá casado. Teve educação e pressão de um pai carrasco e militar. Que somente emite ordens: “Faça isso mulher… me dê aquilo mulher!”. Lembra do personagem “Zé Esteves” da novela Tieta? Não poderia melhor descrevê-lo: velho rabugento, autoritário e violento. Idêntico! Hoje entendo boa parte do seu comportamento agressivo. Aprendera com o pai como se trata uma verdadeira “Escrava Isaura”.
Me relatou também os traumas de infância. Sofria bullying na adolescência por usar óculos “fundo de garrafa”, alto demais (desenvolveu cifose), era ridicularizado pelos colegas e não fazia sucesso com as garotas da escola. Não se curou e levou para a fase adulta todas essas rejeições. Mas ele nunca admitiu precisar de ajuda médica ou espiritual. Achava-se no direito de descontar em mim todos os seus traumas. Me fazendo pagar o preço de todo o mal que fizeram a ele.
Mesmo inconscientemente, eu já possuía um sentimento de que todo esse cenário problemático vindos dele, poderia me prejudicar. Mas o compromisso e juramento que fiz a ele no dia do nosso noivado (03 de outubro de 2015), de cuidar, amar e não abandoná-lo sempre falou mais alto. Por isso o perdoava quando cometia essas torturas. Motivo pelo qual se apaixonou por mim. Eu conseguia entender e aceitá-lo como era. Ele não namorava mais que um mês com uma mulher e logo estas o deixavam. Fato que o fez pedir minha mão em casamento em menos de três meses de namoro. Dizia que me amava ao telefone, mesmo antes de me conhecer. E no dia que decidi conhecê-lo, fez uma cena cinematográfica: de joelhos e em frente ao Santíssimo da Igreja Dom Bosco, me presenteou com uma joia. Um colar de ouro com o símbolo do Santíssimo cravejado de diamantes. Percebi sua carência afetiva naquele momento. Me senti tão mal, que não queria receber o presente. Ele insistia dizendo que havia esperado por aquele momento há muito tempo. E vendo o seu descontentamento facial, resolvi não fazer essa desfeita. Aceitei, porém nunca usei o colar. Nunca tinha ganho um presente tão valioso assim.
Então, com o noivado se aproximando, decidi ir à joalheria às escondidas, devolver e trocar pelas alianças, mesmo sem o consentimento dele. O que o deixou nervoso demonstrando pela primeira vez sua agressividade. Mas hoje ficou muito claro que ele sempre quis me comprar. Seja com joias, roupas, perfumes tudo do mais caro. Queria me impressionar pois sabia, que nenhum homem havia feito isso por mim. Mas a sua psicopatia agressiva e incurável, pôs tudo a perder.
Em suma, achava que Deus realmente tinha me enviado finalmente o amor. Que iria realizar meu sonho de casar, ter filhos, de formar uma família. Mas o Lucas acabou destruindo tudo isso. O que era sonho, tinha se tornado um pesadelo.
Depressão Pós-Trauma Grave
Hoje estou em frangalhos. Com depressão pós-trauma grave diagnosticada. Pensamentos (esporádicos) suicidas, fazendo terapia com psicóloga e acompanhamento ao psiquiatra. Desencadeou em mim uma insônia severa, fico sem dormir por dias e quando consigo, não durmo quase nada. Passei a ter colesterol alto, falta de vitamina “D” e de Ferro no sangue, a enxaqueca aumentou, tudo isso em decorrência da depressão, vinda das agressões e do trauma do não-casamento. Já cheguei a tomar quase 10 medicamentos ao mesmo tempo. Alguns de tarja preta como os antidepressivos. A toxicidade é tão forte, que tenho crises horríveis de gastrite. Ora os remédios surtem efeito, ora não. E quando entro em crise me isolo e tranco-me no quarto. Fecho a janela e fico numa penumbra sem ver a luz do dia. Também não consigo ver ou conversar com ninguém. Não quero nem ao menos me ver no espelho. A autoestima vai lá em baixo. Chego a ficar a semana toda, sem ouvir a minha própria voz. Os pensamentos negativos devido a doença, são os piores que já tive em toda minha vida. E penso com frequência, que não encontrarei outro homem que possa me amar, que não terei meus filhos e que não vale mais a pena viver. Em minha mente o medo é latente de não me realizar como mãe e mulher. Choro todos os dias com esses devaneios e tormentos mentais.
Lucas chegou ao ponto de ficar longos períodos (e nos últimos quatro meses de noivado), sem manter relação sexual comigo. A desculpa surreal era de não me engravidar. E se engravidasse não iria mais casar comigo, sabendo ele, que era meu maior sonho, o de ser mãe. Ele controlava até meu período fértil . Por mais que eu insistisse que não queria ser mãe antes do casamento, ele em sua loucura psicótica, não me realizava mais na cama. No início do nosso relacionamento, logo após o sexo, me inspecionava no banheiro por diversas vezes, achando que eu iria me auto-inseminar. Olha a insanidade! Aliás, todo o nosso relacionamento foi controlado e dominado por ele. Lucas fazia-me sentir um fantoche em suas mãos. Nada era do meu gosto, tudo era de sua vontade, "tem que ser do meu jeito, ou não tem casamento, você está entendendo?", dizia em tom ameaçador.
O que vivi nesse relacionamento abusivo foi dilacerador. Foi um noivado à base de chantagens, ameaças, torturas, agressões físicas e psicológicas, que infelizmente, ainda guardo sequelas desses maus-tratos. Essa minha aceitação (quase que uma serva), de fazer tudo o que ele queria, foi única e exclusivamente em função do juramento que fiz a ele no noivado e de manter casamento de pé. Afinal, tudo já estava pago em quase R$ 70 mil reais: igreja, buffet, filmagem, fotografia e até as passagens e local para a lua de mel. Todos os 200 convidados, inclusive os padrinhos, madrinhas e até o próprio padre que iria nos casar, já estavam convocados para o casamento. Por falar no padre, o chantagista do ex-noivo, foi capaz de ir até o Pe. Michael (que me conhece desde criança), se vitimizar dizendo que não estava preparado para casar e contar inverdades a meu respeito. É claro que o padre me procurou e contou o que agressor dissera. Chegou também a ir no local da festa e ameaçar cancelar o contrato com o espaço, que era o mais caro de todos os itens (R$ 22,500 mil reais). Dizia aos gritos: "Você não duvide de mim, eu vou cancelar a festa, quer pagar pra ver?!". Eu saí correndo do meu trabalho, chegando a levar multas pelo trânsito, para dar tempo de impedi-lo. Quando cheguei ao local esbaforida, ele encenava serenidade conversando com a fornecedora, como se nada tivesse acontecido. E não me dizia o que iria fazer e logo ia embora “cantando pneu”. Essas eram algumas das atitudes de manipulação e tortura psicológica, que ele fazia comigo.
Recentemente assisti um reality de casal, chamado Power Couple na televisão. Um dos maridos agia claramente assim com a esposa. Impondo que eu o respeitasse (da maneira que ele enxerga o respeito, ou seja, sendo submissa). Chegou a me dar um livro: "Homens querem respeito". Mal li o primeiro capítulo, tamanho machismo explícito era o livro. Na concepção dele, respeito nada mais é, do que fazer tudo que ele quisesse, pouco importando minha vontade ou opinião. Isso sim é respeitá-lo. Um "homem" agressivo, que quer tudo a seu modo doentio. Essa é sua forma de tratar uma mulher.
Em "Mentes Depressivas - As três dimensões da doença do século" de Ana Beatriz Barbosa Silva (médica graduada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UEFJ, com residência em psiquiatria pela UFRJ, professora pela UniFMU-SP e diretora da Clínica de Comportamento Humano e Psiquiatria - RJ), a depressão pode ter diversas faces. Uma delas é a circunstancial pós-trauma. Segundo a autora " o trauma pode deflagrar uma série de sintomas e transtornos mentais, entre os quais está a depressão. Entende-se como trauma situações capazes de produzir reações notadamente negativas na vida de uma pessoa. Elas abrangem desde ser vítima de uma episódio violento, [...], até passar por um rompimento amoroso", relata a psiquiatra. O trauma que vivi durante o relacionamento agressivo e o trauma de não ter chegado a casar, me levou a estar num quadro depressivo que enfrento há mais de dez meses. Ainda segundo a médica e autora "quanto maior a gravidade da experiência traumática, maior a chance de se desenvolver um quadro depressivo secundário a ela", conclui Ana Beatriz..
ATENÇÃO
MULHERES!
PERCEBA
OS SINAIS DO CÍRCULO VICIOSO DE UM RELACIONAMENTO ABUSIVO
VIOLÊNCIA PSICOLÓGICA
A Lei 11.340/2006, conhecida como Lei
Maria da Penha, publicada em 7/8/2006, traz em seu texto diversas formas de
violência que podem ser praticadas contra a mulher. Uma das formas é a
violência psicológica, que também pode ser chamada de “agressão emocional”. O
texto legal a descreve como sendo condutas que causem danos emocionais em geral
ou atitudes que tenham objetivo de limitar ou controlar suas ações e
comportamentos, através de ameaças, constrangimentos, humilhações, chantagens e
outras ações que lhes causem prejuízos à saúde psicológica.Trata-se de uma forma
de violência de difícil identificação, pois o dano não é físico ou material.
Muitas vítimas não se dão conta de que estão sofrendo danos emocionais.
Por
exemplo, podem caracterizar violência psicológica atos de humilhação,
desvalorização moral ou deboche público, assim como atitudes que abalam a
autoestima da vítima e podem desencadear diversos tipos de doenças, tais como
depressão, distúrbios de cunho nervoso, transtornos psicológicos, entre outras.
VIOLÊNCIA FÍSICA
Quando a violência física acontece, ela pode acontecer gradualmente, como na violência psicológica. Começa com empurrões ou apertões, o soco na mesa que dá medo, a louça (objetos) lançados contra a parede. E aumenta com o passar do tempo, socos, murros, facadas, chegando ao trágico feminicídio.
CIÚME EXCESSIVO
Muitas vezes, o argumento de “eu te
amo demais” ou "eu sinto ciúmes por te amar" é utilizado para justificar
o controle sobre a outra pessoa. Nesses casos, a justificativa serve para
validar comportamentos agressivos, atitudes controladoras e invasão de
privacidade.
CONTROLE
O controle é
uma característica muito presente nesse tipo de relacionamento. Frases como “é
para o seu bem” e “faço isso porque eu te amo”, “se você me ama tem que isto ou
aquilo”, costumam ser usadas para decidir o que outro pode ou não fazer. Quais
roupas vestir, como gastar o seu dinheiro, aonde ir e, até mesmo, quais trabalhos
aceitar.
ISOLAMENTO
Com o tempo a mulher abusada começa
se isolar e o rol de amigos a se dissipar. Consequentemente a vítima passa a
ser mais dependente do abusador. Tornamo-nos manipuláveis como um fantoche na
mão do marionetista. “Suas amigas não boas companhias” ou “não existe amizade
entre homem e mulher”, são alguns argumentos usados para afastar a vítima de
amigos, pessoas próximas e até dos membros da própria família.
CHANTAGENS
A chantagem é uma das principais características de um relacionamento abusivo.
Portanto, se a parceira não aceitar o que está sendo imposto, o abusador usará
esse artifício para conseguir o que quer. Frases como “eu vou me matar”, “se
não fizer isto ou aquilo (ao bel prazer)”, “não mereço o teu perdão”, “não
consigo mais me olhar no espelho”, e ameaças relacionadas ao término do
relacionamento são comuns.
INVASÃO DE PRIVACIDADE
A individualidade e a privacidade de
cada pessoa devem ser respeitadas. O abusador não costuma aceitar esses
limites. É comum comportamentos como roubar senhas, mexer no celular, notebook,
ver a correspondência antes da companheira. Isso é claro sem nenhuma
autorização. Um dos pontos máximos do psicopata é instalar aplicativos de
rastreamento no celular da vítima.
DESTRUIÇÃO DA AUTOESTIMA
No começo do relacionamento você era a rainha.
Agora você é a escrava. Ele passou a fazer diversas “críticas construtivas” e
ofensivas até sua autoestima se esgotar. Nessa etapa, a vítima já não se vê
como digna do amor e acha que é sortuda pelo abusador ainda estar com ela. A
situação muda completamente e agora você não é mais uma mulher alegre de que
todos conhecem. Agora você passa a ter medo de qualquer coisa que possa
desagradá-lo. Faz tudo para ele com medo das reações enlouquecedoras do
agressor. Outro ponto nessa fase é o abusador dizer que o que você faz não é
bom o suficiente. Que ele é melhor do que você em tudo que faz. A autoestima já
não existe mais, pois está pisoteada pelo abusador.
FALSO PEDIDO DE DESCULPAS
O
agressor quando passa o efeito do surto de raiva, te pede desculpas como um cão
arrependido. Chega a chorar, faz toda uma encenação teatral barata, te convence
de que realmente mudou e não mais irá fazer mal algum a ti. O ápice da
encenação do psicopata é uma posição fetal enquanto chora e baba. Acredite! Já
presenciei esta cena patética caro (a) leitor (a).
A VOLTA DO PONTO DE PARTIDA E O CÍRCULO VICIOSO
ACONTECEM SUCESSIVAMENTE
O
agressor quando admite estar errado, será por fingimento para que a vítima
sinta pena dele por ser um "descontrolado", antes sequer, tenha tempo
de sentir algo por si. O dissimulado chega às vezes encenar lágrimas (de
crocodilo), dizendo que está arrependido e que não fará mais. E você tola com
dó, se compraz e o perdoa mais uma vez. Não percebe que já entrou num círculo
vicioso: CARINHO: compra-te com presentes, faz todas suas vontades, diz que te
ama demais, que você é a mulher da vida dele; EXPLOSÃO: agressão e tortura
psicológica, ameaças, xingamentos, diminuição do valor, inferioriza a vítima e
por fim vem a agressão física; ARREPENDIMENTO/DESCULPAS: pede desculpas, diz
que não irá fazer novamente, que não tem mais coragem nem de se olhar no
espelho, que precisa do teu perdão. Pouco tempo depois começa tudo de novo:
CARINHO - EXPLOSÃO - ARREPENDIMENTO/DESCULPAS - CARINHO - EXPLOSÃO -
ARREPENDIMENTO/DESCULPAS...
Considerações Finais
Homem de verdade não agride (física, psicologicamente) uma mulher. Tampouco tortura, humilha, minimiza, expõe ao ridículo à outrem, coloca-a como perdedora. Muito menos marionetiza sentindo prazer (às vezes sexual) ao fazer essas atrocidades. Mesmo que tenham feito as mesmas, e/ou piores agressões a ele. Não lhe dá o direito de cometer agressão a quem quer que seja. E quem o faz, chama-se: PSICOPATA. Finge o personagem: “homem de bem” perante à sociedade, perante à mulher a ser conquistada, mas com o tempo o disfarce aparece. E mostra-se a verdadeira faceta, de um criminoso à solta.
Desvio de caráter e de conduta, psicopatia machista, não tem cura. Nasce-se com ou sem. Quem agride a primeira vez, irá agredir na segunda, terceira, [...]. Não queira pagar para ver! E muito menos ache que irá mudá-lo (o grande erro de uma mulher apaixonada e/ou carente). Não entre neste ciclo vicioso!
O psicopata agressivo te seduz com presentes. Compra qualquer coisa que você goste e deseja. Te agrada em tudo. Mas, depois começam as cobranças, os xingamentos, as ameaças, humilhações e por fim as agressões. E finalmente, a máscara do homem perfeito cai por terra.
Falo a mim e para todas as mulheres: Atitude, coragem e amor próprio valem mais do que carência. Baste-se! Seja autossuficiente, magnética e poderosa! Dê ao mundo o que queira a si. A Lei do Retorno, chega para todos!
AGRADECIMENTO
Há mais de dois anos anularam a Fhran Miranda que alguns conhecem. A menina mulher brincalhona, extrovertida, sonhadora, a criança gigante de 1,80 com a gargalhada inconfundível, que muitos diziam. Calaram a voz poderosa da profissional apaixonada pelo Rádio, TV, Cinema, Música...da carismática e espontânea jornalista/radialista, que muitos chegaram a ver e ouvir. Enfrentei sozinha esse silêncio, sem o apoio ou auxílio de ninguém (nem dos meus), a dor da agressão. De quem me jurou demasiadamente amor eterno e a cuidar de mim até o fim da vida. Hoje, dia 20 de julho de 2017, dia do amigo, me abro para o mundo. E em meio à lágrimas, constrangida, envergonhada, numa explosão de sentimentos, compartilho esta dolorosa experiência com todos vocês e AFIRMO, que irei continuar seguindo meus sonhos. Pela graça de um dia ser mãe e principalmente, LUTAR PELA MINHA VIDA! Afinal, somente o meu amigo, que me deu, é que poderá tirá-la um dia. Obrigada, DEUS... meu melhor amigo, meu melhor amor! MEU SENHOR E MEU TUDO!
Dedicatória
Dedico esse artigo especialmente,
Aos meus convidados, colegas e parentes em resposta sobre o não-casamento. Espero que entendam que pelo constrangimento, vergonha e depressão, deixei muitas pessoas desprovidas do que realmente aconteceu (aqui fielmente descritos).
Às mulheres que sofrem ou sofreram qualquer tipo de agressão!
E a todas as pessoas que se identificaram com o relato e que tenham a coragem de lutar contra esses agressores, disfarçados de personagem do homem perfeito. Desconfiem. Pois homem perfeito não existe. Só Deus o é!
E que por fim lutem também contra a depressão. Procurem ajuda pois existem bons profissionais especializados nessa doença. E que à partir dessa minha atitude em denunciar, sintam-se motivadas a fazerem o mesmo!
Fiquem todos com Deus.
Paz e bem!
Por
Fhran Miranda
Jornalista/Radialista
Novo IG Segue lá: @fhranmirandashow
REFERÊNCIAS
Portal O Segredo - Capa Comportamento
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes Depressivas: as três dimensões da doença do século. 1. ed. - São Paulo/SP. Editora Globo S.A. 2016. Cap. 3. As Diversas Faces da Depressão. Tópico 4.5. Depressão pós-trauma, pág. 59. Disponível em: www.globolivros.com.br
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